Como Barack Obama Transformou o Marketing Político

Como Barack Obama Transformou o Marketing Político

Barack Obama sepultou o marketing político tradicional e quem não entrar na dança pode sambar. Assim como John F. Kennedy, que revolucionou as campanhas eleitorais com o uso da imagem na televisão, Barack Obama fez o mesmo com a internet.

Na primeira campanha, Obama entendeu que não basta ser encontrado quando pesquisarem por seu nome, trabalho feito com muita competência pelo Google. O verdadeiro esforço é ser encontrado para os mais diversos tipos de pesquisas relevante. E, para alcançar o objetivo, foi necessária uma equipe de especialistas em otimização para mecanismos de pesquisa, que sabiam o que fazer — principalmente que até mesmo pequenos erros podem ser fatais.

Na última eleição, o site de Mitt Romney continha falhas primárias, como a falta de descrições alternativas para imagens e páginas com títulos e conteúdos duplicados, entre outros pontos. Já o site de Obama continha um total de 3.167 páginas — menos de 0,6% do total apresentava alguma mensagem de erro, por exemplo.

O site de Barack Obama recebeu, mensalmente, 6 milhões de visitas a mais do que o concorrente, curiosamente o mesmo número da diferença de votos entre o vencedor e o perdedor (Obama teve 65 milhões de votos; Mitt, 60).

Se a primeira campanha provou a importância de estar presente na web, a segunda mostrou o poder das redes sociais, com 400 atualizações de status somente na página oficial de Barack Obama no Facebook. O que resultou em mais de 4 milhões de comentários, 7 milhões de compartilhamentos e impressionantes 63 milhões de curtidas.

Mas a campanha de Barack Obama nas redes sociais pulou para o próximo nível de interação social, com união de psicologia do comportamento e com a otimização para mecanismos de pesquisa e redes sociais. Imagens otimizadas e mensagens virais tornaram as ações do canal um sucesso, como o conhecido concurso “Jante com o presidente”.

A taxa de curtidas por publicações teve crescimento em toda campanha, menos em agosto, mesmo mês em que a taxa de ataques contra o oponente foi a maior. A análise dos dados permitiu reorientar as ações nas redes sociais e também na campanha offline.

A análise de dados da campanha de Obama analisou quantidades maciças de informações e estratégias. Ações da campanha eram criadas com base nelas. Identificou-se o público-alvo desejado e foram organizados eventos e jantares de Obama junto com os maiores influenciadores. George Clooney e Sarah Jessica Parker não foram convidados por acaso para os eventos na costa oeste e leste, respectivamente.

Obama também se aventurou em canais nunca antes usados, como é o caso do AMA, da rede social Reddit, algo como uma sabatinada de perguntas com os usuários dessa rede social que não são conhecidos exatamente pela gentileza nas perguntas. Mas ele se saiu muito bem e encantou milhões de usuários com respostas simples, diretas e sinceras aos mais diversos tipos de perguntas. A reação momentânea foi ótima com a maior taxa de visitação na história dos servidores do Reddit, e as visualizações do conteúdo aumentaram de forma viral.

As conexões com os eleitores serão mantidas após a eleição, e as promessas não serão esquecidas. Serão cobradas. No entanto, existem vantagens sem precedentes. Como o congresso vai se justificar quando Obama falar para 30 milhões de seguidores no Facebook sobre uma votação de interesse nacional, que não foi realizada, devido as férias dos senadores? Compartilhamentos e críticas vão borbulhar na rede.

O jogo mudou, e as regras são diferentes. Se Obama não fosse conectado e autêntico, não conseguiria sucesso na internet nem nas campanhas. Os novos políticos não vão poder usar as redes sociais somente com o intuito de vencer eleições e depois deixá-las no esquecimento, como fez a presidente Dilma Rousseff,. Após ser eleita, nunca mais usou o twitter .

E agora?

As novas regras para as campanhas políticas no Brasil com verba muito inferior a das campanhas anteriores forçam os políticos a evoluírem em suas campanhas e sem dúvida que direcionar os esforços para o digital pode reduzir custos assim como aumentar o engajamento e a militância; exatamente por isso que estudar o que Barack Obama fez em suas duas eleições pode ser uma ótima maneira de entender por onde começar por aqui.

As duas eleições para presidente de Barack Obama sepultaram o marketing político como o conhecemos, e quem não entrar na dança pode sambar.

Assim como John F. Kennedy revolucionou as campanhas eleitorais com o uso consistente de sua imagem na televisão, Barack Obama soube aproveitar como ninguém o poder da internet em suas duas últimas campanhas vitoriosas.

Arianna Huffington, editora-chefe da The Huffington Post comentou: “Se não fosse a internet, Barack Obama não seria presidente. Se não fosse para a Internet, Barack Obama não teria sido nem ao menos candidato“

Arianna tem razão principalmente pelo fato de Barack Obama ser um político sem expressão antes de 2007 e seu perfil conectado foi um dos pontos mais fortes nas prévias do partido democrata antes de escolher o candidato. O que se viu foi a criação de um candidato nacional a partir de uma ferramenta digital.Enquanto os candidatos estavam discutindo problemas nacionais, suas equipes estudavam as melhores maneiras de transmitir suas mensagens para os eleitores. Os canais mudaram e o modo com que as mensagens são enviadas também.

Você pode estar se perguntando: “mas todos candidatos tinham páginas e redes sociais, por que Obama foi diferente?” Além de uma equipe altamente capacitada com técnicos que entendiam de otimização para mecanismos de pesquisa e redes sociais dentre outros assuntos, Obama faz parte da nova geração de políticos que usa a internet para se aproximar de seus eleitores e mostrar a pessoa por trás do político, ou seja, não basta usar as redes sociais, agora é necessário dançar conforme a música.

Nesse caso Obama faz esse trabalho como ninguém. Obama consegue se expor nas redes sociais quase que 24 horas por dia como político mas principalmente como um ser humano, que tem família, alegrias e tristezas. Não é possível afirmar se esse comportamento é real ou pensado e ensaiado para as massas, no entanto o importante é que o público deve acreditar que tudo é genuíno.

No entanto um bom almoço não é grátis e muito menos barato, e por isso os anúncios de internet desempenham papel fundamental nessa estratégia. É através de anúncios que é possível potencializar os resultados de visibilidade do site e das redes sociais envolvidas. Mas os anúncios só podem ser utilizados após a criação de conteúdo o qual serão direcionados, e a verdade é que um Site ainda faz muita diferença, principalmente por que é a base de disseminação de informação tanto para os anúncios como para as redes sociais.

É no site do candidato que usuários encontrarão conteúdo relevante (por que quase ninguém lê mais do que 3 linhas nas redes sociais) e poderão tomar alguma atitude a partir dessa interface, desde o cadastro até uma doação de campanha.

Uma das grandes sacadas da primeira eleição de Obama foi entender que não basta ser encontrado quando pesquisarem pelo nome do candidato, esse trabalho o Google já faz como ninguém. O verdadeiro esforço é ser encontrado quando usuários pesquisarem por segurança pública, saúde, outros interesses públicos, o partido e até quando usuários desejarem saber informações sobre o concorrente.

Sabia que em outubro de 2012 no Brasil houveram mais de 823.000 pesquisas amplas e 1.900 pesquisas exatas somente no Google pelo termo “em quem votar”? Não seria interessante que um candidato aparecesse em primeiro lugar nessa pesquisa e em mais dezenas de outras pesquisas relacionadas?

As pesquisas realizadas no dia 2 de novembro sobre “economia”, encontravam o site de Obama na posição 15 enquanto seu concorrente não aparecia nem ao menos entre as 50; no entanto Romney surgia na quinta colocação para “defesa nacional” enquanto Obama não estava nas primeiras 50. A equipe de Obama sabiamente entendeu que o maior interesse e a maioria das pesquisas era com foco na economia, e provavelmente por isso sua artilharia mirou em diversos assuntos ligados à economia, enquanto Romney atirava para todo lado, mas sem alvo certo. Tecnologia sem estratégia não é nada além de perda de tempo e dinheiro.

Mas por que ele conseguiu alcançar esses objetivos? Principalmente pela orientação e coordenação de especialistas em otimização para mecanismos de pesquisa e em gerenciamento de anúncios online.

O Washington Post analisou como a campanha de Obama utilizou o gerenciamento de anúncios e notou que além dos tradicionais anúncios por palavra chave, se utilizou de rastreamento do usuário em conjunto com campanhas de anúncios para obter maior retorno nessas ações. Quando um usuário visitava o site de Obama, esse usuário era identificado e a informação repassada para companhias que publicam os anúncios como a FastClick ou a DoubleClick nesse caso.  Quando esse usuário entrava em outro site que uma dessas organizações tinham anúncios em conjunto, mais um anúncio da campanha de Obama era exibido com foco na consolidação de imagem e no remarketing que é uma estratégia de marketing na internet em que o principal objetivo é fazer com que o internauta volte à página de Obama para receber outra mensagem ou incentiva-lo a fazer mais uma doação.

Gráfico da campanha de Barack Obama

A atualização do site foi feita com artigos e notícias de qualidade em ritmo quase que frenético. Além disso, as atualizações eram publicadas por estado, ou seja, diversas equipes criavam conteúdo relevante em toneladas para publicação no site de maneira personalizada.

Velocidade de carregamento do site, estrutura de urls, meta descrições, acessibilidade e outros pontos podem ser citados como excelentes no site de Obama. Mas se os pontos críticos fossem só esses o trabalho seria fácil.

Mas para gerar esse conteúdo todo também era necessário criar muitas imagens, e imagens pesadas podem reduzir a velocidade de carregamento. Verifiquei as imagens no site de Obama e a grande maioria foi feita por especialistas que sabiam exatamente o que faziam, equilibrando qualidade com tamanho de arquivo e melhorando ao máximo o tempo de carregamento da página sem perder impacto visual.

Dentre as diversas imagens que analisei, todas tinham ótimas resoluções com tamanho reduzido. A imagem original abaixo tem mais de 800 pixel de resolução horizontal e ainda assim tem seu tamanho em torno de 30kb. Alguém trabalho bastante no Photoshop para alcançar esses resultados!

Barack Obama comprimenta funcionário da faxina

A quantidade de links que direcionam para o site do candidato também influenciam e mais uma vez Obama mostrou como se faz: em torno de 337 mil links direcionavam para seu site enquanto menos de 60 mil direcionavam para Mitt Romney. Muitos desses links eram antigos mas continuavam ativos e alguns deles foram sabiamente redirecionados para conteúdos novos, o que foi uma ótima sacada!

O site é fundamental por que é a estrutura básica de conteúdo que será disseminada via mídias e redes sociais, no entanto a estrutura central da estratégia era visivelmente alcançar os objetivos de conversão que eram o cadastro de eleitores e doações para a campanha.

Através dos mecanismos de pesquisa, redes sociais, discussões ativas e outras ferramentas na internet, a campanha de Obama sabia que os principais objetivos eram de conseguir que o usuário fizesse o cadastro no banco de dados. Com os dados do usuário em mãos, era possível analisar melhor as informações e correr atrás para convencer o eleitor a votar em Obama e se possível, fazer uma doação para campanha.

[quote align=”center” color=”#999999″]E uma vez que um eleitor tenha se cadastrado, nunca mais sairá do banco de dados… enquanto isso se o eleitor não gostar de um tweet de Obama por exemplo, basta parar de segui-lo, assim fácil.[/quote]

Chamar o usuário para ação ( call to action) também é muito importante, e esse estímulo, muitas vezes visual é determinante para que o usuário compartilhe a informação ou faça uma doação. Uma das principais diferenças entre o site de Obama e Romney foi notada pela chamada de ação para doações.

Em todas redes sociais a geração de links para conteúdo próprio, do site de Obama e parceiros, eram priorizadas, com foco premeditado em conversões. O objetivo era despertar o interesse do usuário que ao entrar no site e converte-lo através de cadastro, doação ou um um compartilhamento a mais.

Um ótimo exemplo foi do concurso “jante com Obama” em que alguns sortudos ganhariam deslocamento de ida e volta além do jantar com o presidente. Durante todo o concurso, as redes sociais compartilhavam essa informação para conseguir maior adesão. Para concorrer era necessário preencher um cadastro ou fazer uma doação.

Barack Obama e Michelle Obama em restaurante

O site de Romney tinha um botão tímido, quase introvertido,  escondido no canto direito superior da página. enquanto o site de Obama exibia sempre que possível um botão de ação verde quase que no meio da página e o principal, na hora de fazer a doação, as opções em claras e objetivas com a menor quantidade possível de informações para decidir ou preencher.

A campanha de Obama também utilizou de ferramentas de CRM ( Customer Relationship Management) que é um tipo de software que gerencia clientes e potenciais clientes de uma organização. Ferramentas modernas de CRM estão disponíveis na nuvem e podem integrar o banco de dados do site com as informações das redes sociais e além de gerenciar e organizar toda ação dos colaboradores, também unifica as informações em um ponto central para análise.

É possível dizer que a campanha de Obama agia como um departamento de marketing e vendas de uma organização capitalista. Seu papel era convencer os norte americanos a votar no produto Obama além de efetuar um cadastro, comprar produtos e fazer doações. Nessas eleições o eleitor se transformou em consumidor e Obama no produto a ser vendido!

O CRM automatizava diversas tarefas como lembrar de ligar para determinados contatos em períodos de tempos regulares e também mandava automaticamente e regularmente mensagens de e-mail para os cadastrados. Quando os e-mails eram enviados por voluntários, era possível usar modelo pronto para diversos tipos de comunicados, o que permitiu que a comunicação da campanha fosse sempre igual, não importando os meios ou quem transmitisse.

segmentação e personalização foram forças que as novas tecnologias tornaram possível. Além de atingirem nichos de públicos com argumentações personalizadas, a produção do material na internet não tem o problema de custos de impressão como na vida real.  A campanha de Obama tinha versões para quase todos os públicos, seja por estado ou seja por minorias.

Banner da campanha de Barack Obama

Banner da campanha de Barack Obama

Muitas páginas de entrada ( conhecidas  como landing pages) foram criadas com a finalidade de trabalhar em sinergia com anúncios específicos. Por exemplo, a

  • núncios por “voluntário Obama Cleveland”  direcionavam para uma página distinta dos anúncios “voluntário Obama Pittsburg”.  Também era exibido um mapa feito com API do Google Maps para ajudar a encontrar o local mais próximo!

Mas precisamos salientar que a segmentação ultrapassou todas barreiras já vistas até então. No Facebook por exemplo, foram criadas muitas páginas específicas para campanha além da página oficial de Obama. Era possível encontrar desde a “Obama Pride” para usuários GLS assim como “Pet Lovers for Obama”; talvez para quem gostasse de ver mensagem de campanha acompanhadas de um bichinho de estimação!

Além da criação, essas páginas tinham vida própria e cada uma delas publicava conteúdo direcionado além de executarem com maestria compartilhamento de conteúdo entre páginas. Com certeza algum grande maestro regia essa orquestra!

Páginas de Facebook de Barack Obama em sua campanha eleitoral

Mas pequenos erros podem ser fatais, e por isso o monitoramento de especialistas é primordial. O site de Mitt Romney, continhas erros considerados primários por especialistas, como a falta de descrições alternativas para muitas das imagens utilizadas, páginas com conteúdo e título duplicados por exemplo; fatores que reduzem a visibilidade do site nos mecanismos de pesquisa.

O site de Barack Obama teve Monitoramento de erros em tempo real,  o que proporcionou um trabalho “state of the art” em termos percentuais. Monitorar é essencial pois erros surgem e devem ser corrigidos imediatamente para não se transforarem em uma bola de neve.

Analisei o site de Obama e de um total de 3.167 páginas, menos de 0,6% apresentavam alguma mensagem de erro e menos de 0,4%  apresentavam problemas como a falta de título, problemas que são muito comuns em quaisquer sites produzidos por empresas de bom nível técnico. Se desejar abaixe o arquivo de varredura que disponibilizei em formato de texto para maiores análises.

Essas foram algumas das razões pelo site de Barack Obama receber mensalmente 6 milhões de visitas a mais do que seu concorrente, segundo informações publicadas pela Quantcast.com, e curiosamente, quase a mesma quantidade da diferença de votos entre o vencedor e o perdedor ( Obama teve 65.899.557 votos contra 60.931.959 de seu concorrente).

A Dança Social

Mas se a primeira campanha provou a importância de estar presente na internet, a segunda mostrou o poder as redes sociais, principalmente em momento em que aproximadamente 66% dos usuários da internet tinham perfis sociais e que 88% dos usuários nas redes sociais eram potenciais eleitores. Não consigo imaginar o tamanho da importância das redes sociais assim que mais de 95% da população tiver perfis ativos nelas!

Fiz uma contagem de todos artigos publicados no Facebook de Obama durante a campanha eleitoral, a qual considerei entre janeiro e novembro de 2012.  Se desejar visualize e faça o download do Arquivo em Formato de Texto tabulado.

Foram 378 publicações que renderam mais de 4 milhões de comentários, quase 7 milhões de compartilhamentos e impressionantes 63 milhões de curtidas!

Um fator importante para avaliar são as curtidas, compartilhamentos e comentários por publicação: ao passar dos meses, com uma mais seguidores, houve crescimento nessas taxas exibindo um frenesi pré eleição ou talvez um ótimo trabalho feito de engajamento!

Informações da página do Facebook de Barack Obama

No entanto ao me deparar com a avaliação mês a mês das taxas, notei que no mês de agosto, a taxa de curtidas por publicação não aumentou, na verdade encolheu. Resolvi então ver todas publicações do mês de agosto e algo me chamou a atenção: uma grande quantidade de publicações direcionadas a atacar o oponente direto.

Comecei a contar todos as atualizações que se caracterizam como ataque no Facebook de Obama e verifiquei também em agosto, a taxa de ataques por publicação foi a maior de toda campanha…  e uma boa explicação para a variação que notamos anteriormente.

Mas se Obama já tinha diversas plataformas sociais criadas e mantidas após a eleição de 2008, a campanha de 2012 pulou para o próximo nível de interação social. Psicologia do comportamento social foi aplicada em conjunto com a orientação de especialistas em redes sociais para maximizar os resultados.

Esse é um exemplo claro de como essa sinergia funcionou. A mensagem foi passada de forma simples, direta e com o tipo de atualização mais visto nas redes sociais, uma Imagem ou foto. A equipe de Obama utilizou de muitos números para convencer o eleitor de que muitos iguais a ele estavam junto com Obama. Quando se fala que 4 mil professoras da Virgínia já doaram para campanha de Obama, existe uma maior probabilidade de você doar para a campanha se for uma professora na Virginia, segundo diversos estudos já publicados sobre o assunto. A diferença é que a campanha de Obama conseguiu enquadrar quase que todos eleitores em algum tipo de minoria!

Psicologia Aplicada na campanha de Obama

Conectar computadores é considerado um trabalho, mas conectar pessoas é uma arte e a campanha de Obama mostrou que sabia o que fazia.

Uma das responsáveis pelos esforços nas redes sociais de Obama, Laura Olin conseguiu como ninguém trazer a a personalidade e paixões de Obama para o meio social e com isso, alcançar a inédita marca de 32 milhões de curtidas na página oficial de Barack Obama no Facebook ( atualmente com 37 milhões) contra 11 milhões de Romney.

Através da foto, Laura conseguiu aproximar os eleitores do presidente como figura pública mas também da pessoa, do ser humano Obama, que é marido, pai e muito mais.

O que laura fez foi captar o lado pessoal de Obama com ótima equipe de fotografia e também com profissionais que editavam todas as fotos antes de serem publicadas. O resultado foi espetacular, de janeiro até o final da campanha as 10 publicações com maior número de curtidas eram de fotos pessoais e situações do cotidiano de Barack Obama e família, ou seja, fotos de Obama!

Através da contagem das atualizações e classificação delas quanto ao seu principal tipo de exibição, foi possível verificar que foram publicadas 204 fotos, 115 imagens, 48 textos, 7 vídeos e somente 4 atualizações somente com indicação de links como mostra gráfico abaixo.

Mas a publicação de fotos e imagens nesses percentuais faziam parte de uma estratégia baseada na coleta de dados. Descobriu-se que o perfil dos seguidores de Obama tinha maior preferência por curtir fotos e imagens em detrimento das outras publicações. Não por acaso as TOP 10 atualizações ( atualizações mais curtidas no período) foram exclusivamente de fotos pessoais e do cotidiano de Obama, sem nenhuma indicação clara de políticas públicas ou discussões mais complexas.

Top 10 publicações no Facebook de Obama

Também analisei a quantidade de curtidas por tipo de atualização para determinar quais são os tipos preferidos dos usuários de Obama. No gráfico abaixo é possível identificar claramente que fotos e imagens tem clara vantagens diante dos outros resultados, ou seja, o usuário costuma curtir uma foto aproximadamente 30 vezes mais do que uma atualização de vídeo por exemplo.

Então não seria uma ótima ideia inserir as atualizações mais importantes após as atualizações de imagens para aproveitar o efeito das curtidas? Parece que essa metodologia foi bastante usada.

edgerank-facebook

Muitos não sabem mas o Facebook não exibe 100% das publicações de seus amigos e das páginas que você curtiu a menos que pague. Ele seleciona em torno de 15% do total para lhe mostrar, e exatamente o que mostrar é a função de um algorítimo denominado EdgeRank. Resumidamente, quanto mais você se envolve com um usuário ou uma página, com curtidas, comentários, mensagens e compartilhamentos, mais você e os seus amigos visualização conteúdo desses perfis e páginas.

Patrick Murphy acredita que a geração de conteúdo de qualidade e otimizado foi fundamental na campanha de Barack Obama. Criar conteúdo de qualidade com altos índices de viralidade exige planejamento, análise e muita criatividade.

Por mais que o índice de curtidas de vídeos seja abaixo do de fotos e imagens, é com os vídeos que é possível transmitir uma grande quantidade de informação. A campanha de Obama criou excelentes vídeos e como sabiam que as fotos pessoas tinham grande apelo, também fizeram um excelente trabalho nos vídeos pessoais. Assista o exemplo abaixo do vídeo de 20 anos de aniversário de casamento de Obama e Michelle.

A equipe de Obama conseguiu manter a criação desse conteúdo diariamente durante toda eleição, mas essa é uma tarefa difícil. Além de imagens e charges otimizadas em tamanho e dimensões por exemplo, também foi necessário criar histórias para transmitir melhor algumas opiniões do candidato além de vídeos diferentes dos tradicionais, pois são vídeos que devem satisfazer o usuário de internet, sedento por informações rápidas. Objetividade com criatividade é fundamental.

Além das curtidas também é essencial medir a taxa média de compartilhamentos, alias, essa é a métrica primária para transformar uma atualização em viral. Atente que a taxa média de compartilhamentos por tipo de publicação mostra que as imagens estão no mesmo patamar das fotos, que eram líder isolado na taxa de curtidas.

Mas essa variação não é fruto do acaso, mas de um trabalho direcionado para criar imagens virais. Além de muitas definições de psicologia e da estratégia da campanha, essas imagens foram feitas para serem virais por que possuem as dimensões exatas de publicação (atente que elas estão sempre com 100% de visibilidade nas atualizações) e ainda utilizam de recursos como setas e call to action para incentivar os compartilhamentos.

Umas das técnicas de rede social muito utilizada foi a técnica do link camuflado de imagem foi amplamente utilizada. É possível identificar muitos casos em que uma atualização de status teve um link incorporado e também teve uma imagem anexada. Dessa forma o link não chama tanta atenção no entanto a ideia é que como fotos e imagens são mais curtidas e virais, quanto mais gente visualizar, maior a probabilidade de clicar no link. O link sempre se encontra no final da parte de texto, veja exemplos abaixo:

Quando Obama dançou Tango

Não é qualquer dançarino que dança tango, e Obama mostrou que tem talento! Acredito que a maior sacada do presidente Obama foi se expor diretamente em uma AMA na rede social Reddit, o que a seria um pesadelo para qualquer candidato comum.

Para quem não sabe o Reddit é uma rede social e AMA é a abreviatura para “Ask me anything” ( em português: me pergunte qualquer coisa). Os usuários do Reddit são conhecidos por serem diretos e as vezes agressivos, mas Obama conseguiu driblar todos problemas com sua boa vontade e autenticidade. Não passa de uma sabatinada com quantidades absurdas de usuários que perguntam, concordam, discordam e por vezes até ofendem!

Após 30 minutos de perguntas e respostas sem interrupções, Obama conseguiu grande apoio dos usuários do Reddit que se multiplicou na internet. O impacto foi tão grande que o site do Reddit quase saiu do ar e deixou os técnicos com os cabelos em pé!

Em suma, o presidente gastou pouco mais de 30 minutos para responder perguntas de usuários anônimos, que comentaram mais de 5 mil vezes somente na primeira hora, além de uma platéia virtual enorme, de usuários que queriam acompanhar as respostas ao vivo…

Resultado:  quase 500 mil visualizações do arquivo até o final do dia e mais de 5 milhões de visualizações até o final da campanha presidencial.

Nessa dança ninguém quer dançar

Mesmo com toda essa pirotécnica e esse exército de especialistas, um ataque certeiro do concorrente pode colocar tudo a perder.

A justiça pode absolver mas atualmente a internet condena!

Barack Obama teve sua primeira experiência ainda nas eleições de 2008. Durante o início da campanha Barack Obama foi acusado de apoiar o polêmico Pastor Jeremiah Wright, que tinha discursos de tom racista. A equipe de Obama teve que agir rapidamente para neutralizar as críticas na internet que era o canal de comunicação predileto do maior eleitorado de Obama, os jovens.

De imediato a equipe de Obama produziu conteúdo e material de resposta e através de técnicas de otimização com utilização de manchetes duplicadas e das mesmas tags, principalmente no Youtube, conseguiu que usuários ao pesquisarem pelo vídeo original negativo, encontrassem antes o vídeo de resposta que neutralizou a polêmica. Também foram geradas muitas variantes e personalizações desse vídeo de resposta, inundando a página de resultados do Google com respostas e resultados positivos.

resultado de pesquisa no youtube para obama jeremiah wright
O vídeo de resposta é exibido nas primeiras colocações, e dependendo dos termos de pesquisa, antes mesmo do vídeo inicial.

Interessante também foi a capacidade do time de marketing de criar conteúdo em tempo recorde para os deslizes de Mitt Romney. Quando Romney citou cortar orçamento da rede de televisão PBS, conhecida pelo seu mascote que é um grande pássaro amarelo ( big bird), a equipe de Obama criou rapidamente vídeo com um alto nível de sarcasmo que mostrava aos expectadores quem eram os fantasiosos inimigos de Romney. Se não assistiu, não deixe de assistir para aprender com uma das maiores jogadas dessa eleição americana.

Aliás, o Youtube é a nova televisão para os jovens e o Consultor político Joe Trippi conta que até ele se surpreendeu com os resultados dos vídeos no Youtube, que por sinal, foram vinculados de forma livre de custos de publicação, somente da produção. Os vídeos de Obama no Youtube foram assistidos por mais de 14,5 milhões de horas e como destacou Sr. Trippi: “Para comprar 14,5 milhões de horas numa rede de TV seria preciso algo em torno de 94 milhões de reais.”

Muita informação

 coleta e análise de dados foi algo nunca visto antes em campanhas anteriores. Essa quantidade maciça de dados e informações possibilitou visualizar comportamentos e orientar ações. Foi possível prever quais tipos de pessoa tinham maior probabilidade de fazer doações segundo suas interações sociais, e os militantes focavam seus esforços exatamente nesses grupos, por exemplo.

Um caso de sucesso é o jantar de Obama na costa oeste. Identificou-se que as mulheres entre 40 e 49 anos tinham maior probabilidade de fazer doações para campanha e ao mesmo tempo descobriu-se que esse grupo de mulheres tinham grande carisma por George Clooney. Decidiu-se fazer um jantar na costa oeste com Barack Obama e George Clooney como anfitriões, e o resultado não poderia ser outro que não um sucesso! Na costa leste o mesmo aconteceu, mas foi Sarah Jessica Parker a escolhida após as análises.

Parece que as palavras de Jim Messina, gerente de campanha de obama, foram levadas a sério: “Nós vamos medir tudo nessa campanha!”

A equipe de 2012 tinha 5 vezes o número de analistas de dados do que da eleição anterior e ainda contava com o especialista Rayid Ghani, um dos gurus do Big Data. O resultado foi a arrecadação recorde da campanha, reorientação dos anúncios televisivos com base nos dados obtidos na internet e a segmentação de diversos grupos de tipos de eleitores, cada um com abordagens distintas.

Mas não é só de análise de dados que uma campanha pode se estruturar. Como o tempo é reduzido, as vezes é mais eficiente proceder com testes A/B em larga escala do que com analisar os dados. Os dados nesse caso servem como uma bússola que ajudam a orientar os testes.

A próxima dança

Joe Trippi e Arianna Huffington concordam em um ponto: a internet e as conexões com os eleitores são mantidas após a eleição, e vão mudar a forma como os eleitos interagem com os eleitores. A autenticidade dos candidatos será vital para que as críticas e satisfações pós eleições não sejam um tiro no pé

A vitória de Obama significa que as próximas eleições serão online, nos Estados Unidos assim como no Brasil, e com o crescente número de internautas, já deixou de ser diferencial para ser essencial. Mas é uma viagem sem volta, por que a internet aproxima o candidato aos eleitores; e promessas não serão esquecidas mas cobradas.

Uma campanha presidencial ou de governador tem que ser muito bem estruturada, no entanto as campanhas para vereadores podem focar em segmentos de nichos e conseguir com investimentos mínimos um grande resultado. O novo marketing político utiliza as novas forças da internet para mensurar resultados e reduzir custos como nunca.

Só que se bem utilizada essa força política na internet que continua após a eleição pode ser uma vantagem sem precedentes.

Imagine como o congresso vai se justificar quando Barack Obama falar aos seus mais de 30 milhões de seguidores somente no Facebook,  que uma votação de interesse nacional não foi feita por causa da agenda de férias dos deputados?

O que virá daqui para frente é incerto, quem sabe candidatos possam ser criados nos meios virtuais e eleitos para os cargos reais, tudo é possível, mas o que sabemos com certeza é que o jogo mudou e os novos políticos não poderão usar as redes sociais somente com o intuito de vencer as eleições como fez a presidenta Dilma, que depois de eleita nunca mais usou seu twitter.

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